Labor news

2013-07-08 - Análise de corretivos

Cuidados com a escolha do corretivo de acidez do solo

Estamos nos aproximando de um período crítico para muitos produtores agrícolas: a entressafra inverno-verão, e é chegada a hora de se verificar a necessidade de correção dos solos e caso necessário, comprar o corretivo certo. Isto deve ser uma preocupação para o produtor.

O solo tropical é normalmente ácido, o que os torna menos produtivos, caso não sejam devidamente corrigidos. Sendo assim, este procedimento requer do agricultor e do seu engenheiro agrônomo muitos cuidados com a correção do solo. A correção do solo se torna crítica, pois muitos dos produtos disponíveis no mercado a preços competitivos nem sempre são os mais adequados e levam de 3 a 5 meses para trazerem os resultados necessários.

Nossa maior preocupação é saber se o que está sendo comprado é o que está sendo entregue!

No mercado de corretivos, o mais amplamente usado é o calcário, mas infelizmente, no Brasil, esta palavra é genérica. Quando o agricultor vai adquirir calcário, nem sempre faz a análise dos solos, e o que é pior, adquire o mais barato sem se importar com as especificações e as garantias para saber se realmente o que compra é efetivamente o que necessita. Lembrem-se que qualidade e preço não cabem no mesmo saco.

Portanto, a qualidade do calcário ou dos demais corretivos é fundamental para esse processo. É preciso verificar principalmente se as concentrações de Cálcio e Magnésio são realmente aquelas que o solo requer para efetivo funcionamento e se o corretivo adquirido está dentro das garantias estabelecidas pela legislação.

A legislação atual, Instrução Normativa nº 35 de 2006 do M.A.P.A. (clique aqui para ler), indica como se realizam as análises para se classificar os corretivos de acidez , e baseado nos diversos teores de cálcio, magnésio e PRNT ( Poder relativo de neutralização total), além do PN (Poder de neutralização), estes são classificados para o uso.

Pelo sistema anteriormente usado, os calcários tinham nomes para classifica-los dependendo da rocha que lhe dava origem segundo o teor de magnésio nas mesmas, por exemplo, em calcítico derivado de calcita, dolomítico de dolomita e magnesiano oriundo de magnesita, conforme a tabela abaixo:

 
Tipo de Calcário Teor de Magnésio
Calcário Calcítico MgO < 5%
Calcário Magnesiano MgO entre 5 e 12%
Calcário Dolomítico MgO > 12%
 

Muitos produtores escolhem o calcário pela disponibilidade na sua região, pelo preço do frete, se é branco ou escuro e outros que tais. Mas é preciso estar atento às necessidades do solo e na apenas do bolso como é normalmente feito. Definir se é melhor o calcário calcítico ou o calcário dolomítico não é apenas uma questão de preço, mas sim uma questão técnica ligada diretamente à análise do solo.

O tipo de correção realizado anteriormente (calagem de safras anteriores), tipo de solo, nível de acidez e o teor de cálcio e magnésio e potássio dos solos são fundamentais nessa escolha, para o melhor equilíbrio das bases.

Por isso, após a análise do solo e o Eng. Agrônomo indicar o melhor calcário, para uma determinada situação, deve-se escolher um fornecedor idôneo e mesmo assim, antes de adquirir o calcário recomendamos uma análise deste corretivo, para verificar se realmente o produto entregue pelo distribuidor de fato contém a proporção adequada de Cálcio e Magnésio para a correção do solo, conforme foi anteriormente preconizado.

Uma análise de calcário custa infinitivamente menos do que as várias toneladas que serão adquiridas. Por que fazer isto no escuro?

Aplicar um calcário com concentração maior ou menor de cálcio e magnésio vai afetar diretamente o equilíbrio químico das bases no solo e nas plantas, ou seja, o corretivo não afeta somente a acidez, mas também pode desequilibrar a plantação no que diz respeito a absorção de outros macro ou micronutrientes - lembrando a Lei do Mínimo (Barril de Liebig), um elemento desequilibrado, desequilibra os demais e limita a produção.

Ficam aqui algumas dicas para esse processo tão importante ao nosso solo:

  • Antes: faça uma análise de solo para verificar a atual disponibilidade das bases, verifique e analise cuidadosamente os resultados com seu engenheiro agrônomo. Analise também a necessidade de Fósforo, Potássio e a correção do alumínio livre.

  • Durante: escolha o calcário mais adequado a sua necessidade e após recebê-lo em sua propriedade faça uma análise química desse corretivo.

  • Depois: aplique o calcário na dose adequada, procurando dias com pouco vento. Para uma calagem efetiva é necessário que se faça a incorporação do calcário para que possa haver contato com as partículas do solo. Lembre-se não existe calagem sem incorporação (em outros posts trataremos deste assunto). Não faça incorporação profunda. A calagem não deve ultrapassar os 20 cm de profundidade, pois a subsuperfície deve ser ácida para disponibilização de micronutrientes.