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2016-02-18 - Análise química de solo, Análise de tecido foliar

Fertilidade do solo e o sucesso da lavoura

O texto a seguir é de autoria do Dr. Fernando Kuhnen, Engenheiro Agrônomo e professor no curso de Agronomia da Faculdade Anhanguera de Dourados/MS, Fernando possui Mestrado e Doutorado em Ciência do Solo e atua na área de fertilidade do solo, nutrição de plantas e uso de resíduos na agricultura. Vale a pena refletir.

"A fertilidade é a principal característica de um solo, é dele que as plantas retiram os elementos essenciais para sua nutrição. No total, são dezesseis elementos que as plantas precisam para completar seu ciclo de vida, dos quais três são retirados do ar e da água – carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) – e os demais do solo. Todos são utilizados para o crescimento vegetativo, produção de grãos, frutos, forragens, entre outros.

Do total de produção de matéria seca da planta, cerca de 90% a planta obtém por meio do dióxido de carbono (CO2) e da água (H2O), enquanto que o restante é retirado do solo. Ainda, as leguminosas retiraram o N do ar, devido à fixação do nitrogênio através das bactérias.

Os macronutrientes primários nitrogênio, fósforo e potássio são os principais nutrientes, pois as plantas os retiram em grandes quantidades. São os famosos N-P-K das formulações comerciais, com alto custo para o produtor, enquanto que cálcio, magnésio e o enxofre são os macronutrientes secundários, com valor de aquisição mais baratos (calcário agrícola é fonte de Ca e Mg, e é aplicado ao solo para neutralizar a acidez; gesso agrícola é fonte de Ca e enxofre); os demais elementos são chamados micronutrientes, como: boro, cloro, cobre, ferro, molibdênio, manganês e zinco, pois as plantas os necessitam em quantidades muito pequenas, mas também são essenciais.

As plantas necessitam destes 16 elementos para completar seu ciclo de vida e fornecer produções que tragam lucro para o produtor. A falta de um ou mais nutrientes acarreta numa diminuição de crescimento, florescimento e frutificação, queda prematura de folhas e frutos, mal formação de frutos e grãos de menor peso, entre outros processos que poderão levar à morte da planta ou menor crescimento do sistema radicular, diminuindo a absorção dos demais nutrientes essenciais e ficando mais suscetível ao acamamento. É a famosa lei do mínimo, onde o solo pode estar bem nutrido, mas se, por exemplo, o boro estiver deficiente, a produção da planta vai ser limitada pela falta desse elemento. Ao contrário temos que, se um nutriente for aplicado em excesso pode provocar toxicidade com sérios prejuízos à produção.

Durante o desenvolvimento de uma cultura, o nível de alguns nutrientes também diminui por meio da lavagem pela água da chuva (lixiviação), perdas pela erosão do solo, e aí que iniciam as deficiências nutricionais na lavoura.

As deficiências podem ser observadas a olho nú pela coloração da lavoura, como no amarelecimento das folhas mais velhas pela deficiência de nitrogênio, mas isto pode ser confundido com o ataque de uma praga ou doença. Há necessidade de o produtor determinar qual ou quais nutrientes de planta estão levando aos sintomas de deficiências e, se for durante o desenvolvimento da planta, faz-se uma análise foliar em momento específico para cada cultura, para possível correção ainda durante a safra, ou faz a coleta de amostra de solo da área e envia para o laboratório de análise de solo, no mínimo, 90 dias antes da instalação da lavoura, tempo suficiente para o laboratório processar a amostra e, também, para o produtor tomar as providências necessárias, como fazer a aplicação de calcário, para neutralização da acidez do solo, ou compra de adubos para correção do nutriente.

Para a interpretação das análises de solos a melhor opção é consultar um engenheiro agrônomo para indicar quais são as melhores alternativas para otimizar a produção gastando menos, colaborando para o sucesso do agronegócio brasileiro. Apenas desta forma sua lavoura estará bem nutrida e dará o resultado esperado."