Labor news

2014-04-01 - Corneta do Agro, Mercado Agrícola

Corneta do Agro: O Ministério Público e os defensivos agrícolas

Realmente o Ministério Público Federal não tem o que fazer para novamente trazer este assunto que é coordenado pela ANVISA, IBAMA e MAPA. Ao invés de se preocupar com os danos provocados pelos políticos ao país, se preocupam com os danos de defensivos agrícolas, que é um assunto que não dominam, dado ao que comentou o procurador. (veja aqui o artigo sobre a proibição do uso de alguns herbicidas).

Segundo o MP estes ingredientes ativos foram apontados pela ANVISA como potencialmente nocivo à saúde e ao meio ambiente.Logicamente que defensivos agrícolas ou também chamados agrotóxicos são nocivos à saúde, pois são venenos. Ora bolas, aquele famoso refrigerante de cola com hambúrguer do da igualmente famosa lanchonete norte-americana também é potencialmente nocivo à saúde e ninguém ainda tentou proibi-los. Por quê sempre com os defensivos? A resposta é simples, qualquer cidadão mais ou menos esclarecido sempre tem argumentos para criticar os agrotóxicos. É muito fácil fazer isso. A opinião pública sempre estará a favor. O difícil é defender os agrotóxicos e como aproveitar de seus benefícios. Assim, o procurador resolve meter o bedelho em assunto que não entende baseado em indícios indicados pela ANVISA que é uma agência do ministério da Saúde, que aliás, juntamente com o IBAMA e o MAPA é responsável pelos registros. Mas de vez em quando surge alguém da própria ANVISA com certos poderes divinos de adivinhar coisas e jogar para a imprensa e o MP. Provavelmente como o MP recebeu uma denúncia que partiu da própria ANVISA, é obrigado a investigar. Daí o procurador sai atirando, respaldado pelo órgão que dá o registro num balcão e critica no outro. No entanto, para investigar vai precisar da própria.

Outro motivo dessa celeuma é a passividade da classe agronômica que é usuária dos agrotóxicos e que nunca se manifesta. Qual a opinião da Federação dos Engenheiros agrônomos sobre o assunto? E os produtores rurais que são usuários da técnica e que serão os mais prejudicados caso esta proposta vá em frente. Ninguém se manifesta e deixam as manifestações para os ecologeiros de plantão nas praias cariocas, tomando um chopinho cheio de agrotóxicos,darem palpite e falarem asneiras embora pensem que estejam imbuídos da maior boa vontade com a humanidade.

Os órgãos federais que vivem numa ilha chamada Brasília, pouco se lixam par o que pode acontecer em outras paragens, como se o país não tivesse diferenças regionais, além de ficarem ouvindo ONGS de defensores do meio ambiente e da saúde da população, falando diretamente das praias de Ipanema e Leblon, cheio de esquerdistas caviar, que não tem ideia como uma galinha põe um ovo. Alguns acham que o ovo é fabricado na China.

As bolas da vez, agora são o glifosate, 2,4D, paration metílico, lactofen, forate, carbofuran, abamectina, tiram e paraquat.

Destes ingredientes ativos, vários nem são mais usados na agricultura como o paration, forato e tiram, portanto se proibidos ninguém sentirá falta deles, mas glifosate, 2,4D, lactofen, carbofuran, abamectina,e paraquat é o fim da picada.

Vamos ao caso do glifosate. Hoje a maioria das cultivares de soja plantada no país é resistente ao glifosate, portanto esta produto é usado em larga escala. É menos tóxico que aquele refrigerante de cola. Que tipo de impacto econômico ou ambiental a sua proibição causaria? Logicamente o procurador não saberia responder.

O que quer o Ministério Público? Parar o país! Um procurador que faz uma proposta desta deveria ele investigado. Ou é ignorante no assunto ou está usando de má-fé. O sujeito não tem ideia da dimensão do sistema soja no país, que aliás, mais uma vez este ano se salvou do vexame graças ao negócio soja e milho. Que tipo de serviço este cidadão, pago com dinheiro público, pretende prestar ao país? Esta se baseando em dados da ANVISA, loteada pelo governo e pela esquerda apocalíptica. Por que não consultar também o Ministério da Agricultura, que me parece ser o órgão mais indicado para tratar do assunto. É que segundo a ANVISA, o MAPA deve estar loteado pelos representantes do agronegócio. Pela lógica do MP, a ANVISA é mais confiável.

E o lactofen? Qual o motivo da perseguição? Será que é porque é muito antigo e deve ser substituído por alguma coisa mais nova e mais cara? O lactofen é um herbicida usado para o manejo de resistência em áreas onde já ocorrem espécies resistentes principalmente ao glifosate, que se tornou um produto de largo uso e lógico, com a deficiência de alguns manejos pode levar à ocorrência de resistência. Assim o lactofen é uma ferramenta importante para o manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas e inclusive diminuir o uso de glifosate, para este não ser utilizado indiscriminadamente.

Quanto à sua toxicologia, é um irritante ocular grave. Mas como a própria ANVISA faz testes absurdos de toxicologia para determinar as classes e enquadrar os produtos, pinga o lactofen no olho de coelhos e ratos. Logicamente, o produto causa dano ocular. É classificado como faixa vermelha. Tudo que é faixa vermelha aos olhos dos ignorantes é ruim. Daí,melhor proibi-los.

O lactofen é de toxicidade baixa para animais quando ingerido ou inalado, no entanto pode causar irritação da pele, incluindo vermelhidão,inchaço e até queimaduras. É um irritante ocular grave e pode causar danos permanentes aos olhos quando houver exposição suficiente. E daí? Alguém por acaso vai beber lactofen, se não tiver o intuito de suicidar-se? Alguém vai usar como colírio? Alguém vai usar como pomada? O produto é de baixa toxicidade para aves que foram estudadas. A toxicidade para os peixes e outros organismos aquáticos variados é baixa e é de baixa toxicidade para as abelhas, portanto relativamente segura no meio ambiente. O lactofen é de baixa solubilidade em água, assim com baixa probabilidade de contaminar águas superficiais. Sua constante de adsorção ao solo é alta, o que implica em alta adsorção e com meia vida de aproximadamente sete dias.

O lactofen é ainda um produto de alta eficiência no controle em pós-emergência de espécies como o leiteiro ( Euphorbia heterophilla), planta esta de disseminação em todas as principais áreas produtoras de grãos no país. Sem o uso do lactofen sobram poucas opções para o controle desta espécie. Ressalta-se ainda o caso do Cardiospermum halicacabum L. (balãozinho, saco-de-padre) que é uma planta de ciclo anual, que interfere na cultura da soja reduzindo a produtividade e dificultando a colheita. Suas incidência e frequência em lavouras no Rio Grande do Sul têm aumentado substancialmente nos últimos anos.

Para não alongar, o carbofuran é hoje o produto mais usado para o controle de nematoides em cana-de-açúcar. Se proibirem o carbofuran, que já era o substituto do aldicarb, já proibido. Que opção o Ministério Público nos sugere?

O caso do 2,4 D é mais emblemático. O procurador afirma que é o agente laranja.

Diz o procurador : “Ele foi concebido como arma química para acabar com a floresta, no caso, mas ele gerou outros efeitos contra vários seres humanos que se encontravam ali e sofreram com a pulverização aérea. Os estudos atuais que existem apontam danos ao sistema endócrino das pessoas e a possibilidade de geração de mutações e câncer. Isso nós entendemos que deve ser melhor elucidado, esclarecido pelo próprio poder público por meio da ANVISA, que é a quem compete realizar esse tipo de avaliação técnica.”

O caso agente laranja foi amplamente estudado e esclarecido. O agente laranja foi um composto usado durante a guerra do Vietnã, com o intuito de desfolhar as florestas muito exuberantes no sudeste asiático, para permitir que os combatentes vietcongs fossem expostos e consequentemente bombardeados. Na época que isto ocorreu, nos anos 60 e 70, a ignorância era tanta, que os efeito colaterais de seu uso foi sentido pelas próprias tropas americanas, que tiveram contato com o produto, o que gerou o maior estudo toxicológico que o mundo ocidental já experimentou, no sentido de se esclarecer, os motivos que levavam ao surgimento de câncer, principalmente leucemias mieloides e efeitos teratogênicos, que inclusive passavam de geração a geração.

O agente laranja era uma mistura de 2,4 D e 2,4,5 T que era pulverizado, sem critério de proteção individual. Nessa época, de guerra inclusive, se desconhecia os EPIs. Na época de sua utilização no Vietnã, se desconhecia uma classe química de moléculas, que eram um dos contaminantes das formulações, conhecidas com "dioxinas". Das dioxinas mais letais, a 3,4,7,8 tetracloro-dibenzo-para-dioxina (TCCD) era justamente a que mais se acumulava nestes produtos (Agente Laranja).

Destes estudos o mundo ficou conhecendo as dioxinas que são substâncias presentes no nosso dia a dia, como plásticos, petróleo, asfalto, ascarel e outras. Devemos, pois saber como lidar com elas. E isto só é possível, com o conhecimento, que foi advindo dos estudos com o tal famigerado agente laranja. Hoje sabemos como reciclar plásticos e refinar petróleo, muito melhor do que na década de 60. Assim o 2,4 D é o produto mais estudado do mundo. Se sabe absolutamente tudo que a ciência moderna é capaz de estudar. O EPA (Environment Protection Agency) nos Estados Unidos , que aliás tem mais recurso técnico e científico do que a tal ANVISA e IBAMA já virou este produto do avesso, tentando achar os possíveis efeitos cancerígenos. Jamais foi conclusivo sobre as acusações de ser cancerígeno e disruptor endócrino, como querem algumas ONGS não só no Brasil, mas espalhadas pelo mundo. O produto está no mercado desde 1947, mas todo ano está na marca do pênalti.. No entanto, nosso procurador do MP, acha que merece mais estudos. Gostaria de saber se a ANVISA tem competência técnica e científica para tanto? Logicamente não tem e vai solicitar os documentos. Para quem? Logicamente para o fabricante que os possui. E vai concluir o quê? Que o produto é seguro.

Qual a intenção se diminuir o uso de 2,4 D com as plantas "enlist" ? Qual o problema para o país e para a população, a qual o MP visa defender? Quem tem interesse nisto ?

Já passa da hora da classe agronômica se manifestar. Se ficar calada, os advogados assumem.

O paraquat fica para uma próxima oportunidade.

Do disposto acima, os impactos econômicos com a supressão desta molécula serão muito significativos, pois nos últimos anos não tem havido a descoberta de novas moléculas com eficiência sobre algumas espécies de difícil controle que infestam as áreas de grãos, como é o próprio lactofen, glifosate e paraquat.

Assim a agricultura brasileira já é pouco competitiva dado ao gargalo logístico, agora se impondo mais este problema os custos com certeza subirão pois sem o devido controle de espécies daninhas as produtividades se reduzirão com toda certeza, o que prejudicará mais ainda o sistema de produção e competitividade com os grãos americanos e argentinos onde este ingrediente ativo é utilizado sem restrições.

Gostaria que o procurador nos sugerisse as opções.