Labor news

2014-05-06 - Mercado Agrícola

Afinal, qual o papel da tecnologia na agricultura?

Em recente artigo publicado na Carta Capital, Rui Daher, administrador de empresas, com mais de 30 anos de atuação no agronegócio, apresenta sua posição sobre o papel da tecnologia no campo.

Daher conta que estava voltando da 21ª Agrishow em Ribeirão Preto (SP), uma feira imensa em todos os sentidos, número de expositores, área com experimentos de campo e também área de exposição, mas ele já alerta "Atenção. Quem lá expõe não é a agropecuária, mas sim quem produz e vende para ela. Empresas de insumos, maquinários, equipamentos, aí incluídos botas, chapéus, revistas e helicópteros."

Diz que também é difícil imaginar, estando lá, uma agricultura diferente daquela que se expandiu com grandes propriedades, de extensões tão imensas quanto a feira, que levou "tudo o que encontrava pela frente".

Daher continua dizendo que todas as dificuldades foram vencidas nos últimos 50 anos não só com ajuda governamental, alta demanda e preços favoráveis, mas também com muita inovação tecnológica.

Inovações que fizeram do país uma potência agropecuária produtora e exportadora, mas que também trouxe perdas a biomas e campesinos, que trouxeram "fragmentos de consciência, legislação apurada e fiscalização eficiente" que amenizam os problemas.

Daher lembra que uma dessas inovações foi a agricultura de precisão, outrora chamada de revolução agrícola, como foi a irrigação 20 anos atrás.

A busca era a racionalização da adubação, não mais doses homogêneas para toda área, apenas o que cada uma demandava, Daher conta que na época trabalhava numa empresa de fertilizantes e que um agrônomo, após visitar uma feira nos Estados Unidos trouxe novidades emocionantes.

Softwares instalados em grandes máquinas, equipadas com GPS, ao mesmo tempo, faziam a análise de solo e forneciam as necessidades nutricionais reais de cada lote. Resultado: economia de adubo. Tiro no pé? Não. Caminho irreversível que em algum momento aqui chegaria. Muita areia pra nossa adubadeirazinha? Sim. Negócio para grandes players, como New Holland, AGCO, John Deere, ou quem a eles se juntassem, hoje, Monsanto, Bayer, Dow Chemical, Du Pont.

Daher continua colocando que hoje em dia o apelo ainda é esse, e se quer mais. Sementes com chips, ajustes de profundidade na semeadura ou na distância entre as linhas de plantio, tudo adequado a cada região.

Tudo detectado e receitado pelas grandes empresas, através de registros altamente detalhados de topografia, históricos climáticos e de desempenho, trariam grande diferença no faturamento da safra. Nos EUA está sendo tratado por “Big Data”, coleta de dados através da internet por essas grandes empresas para plantio orientado a agricultores que aceitem tais receitas e não temam perda de poder decisório. É aí que vem o nó. Sem garantia de privacidade das informações, aquele quintal poderia não mais ser seu e você ficaria refém de gente nem sempre muito bondosa.