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2019-02-11 - Mercado Agrícola

Soja com menos folhas produz mais? Estudo norte-americano aponta que sim

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Biologia Genômica da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, indicou que as plantas de soja que possuem menos folhas acabam produzindo uma quantidade maior de grãos. Nesse cenário, os pesquisadores utilizaram técnicas de computação para auxiliar na simulação da atividade da planta.

Os cientistas realizaram a experiência removendo aproximadamente um terço das folhas emergentes da soja e descobriram um aumento de 8% no rendimento de sementes nos ensaios replicados. Eles atribuem esse aumento no rendimento ao aumento da fotossíntese, à diminuição da respiração e ao desvio de recursos que seriam investidos em mais folhas do que sementes.

“Atualmente, só alcançamos um aumento anual de 1% nos rendimentos devido a melhorias nas lavouras, que desaceleraram na última década. Essa taxa é insuficiente para atender às necessidades de segurança alimentar global, onde precisamos produzir de 70% a 100% a mais de alimentos até 2050 para alimentar cerca de 9,7 bilhões de pessoas", disse o autor Stephen Long, professor de biologia vegetal e culturas do Instituto.

Publicado na revista Global Change Biology, o artigo descobriu que as plantas de soja produzem muitas folhas, a maioria das quais são sombreadas e ineficientes, então elas desperdiçam recursos como água, carbono e nitrogênio. Para Venkatraman Srinivasan, pesquisador de pós-doutorado em Illinois, a pesquisa pode resultar em soluções de curto prazo para esse problema.

"A soja é uma das quatro principais culturas básicas e também a mais importante fonte de proteína vegetal do mundo. Se pudermos aumentar o rendimento da soja, podemos resolver os problemas de demanda de proteína e produção de alimentos ao mesmo tempo”, conclui.

Tema similar também já foi abordado em pesquisas realizadas por aqui, o pesquisador Dr. Marcos de Luca, ex-pesquisador do INTA de Córdoba (Argentina) que veio ao Brasil desenvolver sua tese de Doutorado na Universidade Estadual de Londrina e na Embrapa Soja de Londrina. O tema da sua pesquisa é a “Fixação biológica do nitrogênio, estado nutricional, rendimento e qualidade de grãos de soja sob diferentes densidades de plantas”, ele explicou neste podcast (clique aqui para ouvir) como a densidade das plantas numa área interfere na produtividade e na fixação biológica de nitrogênio.

Na oportunidade em que ele esteve conosco comentou que, durante a sua pesquisa, áreas com altas densidades em torno de 400 mil plantas por hectare obtiveram produtividades muito parecidas com áreas com densidades muito menores, já que a grande proximidade das plantas também interfere na disponibilidade de luz e nutrientes.